É raro que as vítimas de tráfico se manifestem e peçam ajuda, identificando-se como vítimas de tráfico de seres humanos, especialmente crianças. Ao compreender os obstáculos à auto-identificação das vítimas, os prestadores de serviços e a comunidade podem responder melhor às suas necessidades. Embora cada pessoa tenha uma experiência única, apresentamos de seguida as razões mais comuns pelas quais os jovens não se identificam.
- Medo - O medo do desconhecido pode parecer pior do que qualquer dificuldade que estejam a enfrentar atualmente. Os jovens que interagiram anteriormente com a assistência social à criança ou com as autoridades policiais podem ter tido experiências negativas que os impedem de ver estes actores como aliados ou fontes de ajuda.
- Rotuladas como "meninas más" ou "crianças más" - Os jovens podem sentir que já são rotulados pelos adultos ou figuras de autoridade como crianças más, em vez de crianças que precisam de ajuda. Este conceito é reforçado pelo facto de a sociedade rotular as vítimas menores como "desafiadoras" ou "prostitutas infantis" e, por isso, não é provável que recebam ajuda se a pedirem.
- Ser monitorizado - As vítimas menores não têm oportunidade de pedir ajuda se o traficante estiver presente ou a monitorizar a sua utilização de telemóveis e interacções em linha.
- Identificar um traficante como um ente querido - Se um jovem considerar que o traficante é um namorado ou namorada, um amigo de confiança, um pai ou outro membro da família, poderá ter menos probabilidades de identificar o traficante como um abusador ou pensar que ninguém acreditaria nele se o denunciasse
- Vergonha e auto-culpa - Os jovens podem pensar que são culpados por esta situação ou que há um estigma em falar sobre ela
- Não saber em quem confiar - Numa situação de abuso, em que os traficantes e os compradores podem ser física e sexualmente abusivos, actuando simultaneamente como parceiros íntimos, pode ser muito difícil para as vítimas identificar as pessoas que podem ajudar.
- Recursos limitados - Os menores podem não ter acesso a dinheiro, transporte ou até mesmo à sua própria identificação ou documento
- Desespero - Os menores explorados sexualmente para fins comerciais podem ter um sentimento de resignação perante a sua situação
- Desinformação - Os traficantes podem convencer os jovens de que são a única pessoa que se preocupa com eles, que a vítima não pode confiar no mundo exterior, que ninguém os vai ajudar e que serão penalizados por serem prostitutos se tentarem sair
